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Mostrando postagens de 2019

[poema] desistir

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eu vou parar de falar, parar de escrever mas sentir? vou parar de lamentar em voz alta somente dizer minhas dores ao vento ou nem isso eu não sei, na verdade como cabe tanto sofrimento no meu corpo se ele é tão pequeno diante do mundo não sei como ainda existo se todos os dias sou morta eu não sei mas eu quero parar de falar de tentar de mostrar quero sucumbir aos meus devaneios quero me entregar aos meus sonhos quero deslizar por entre as brechas do não ser nada e em mim nada mais cabe e todos os dias absorvo mais sou como uma bolsa encantada de uma velha deprimente que insiste em levar pra todos os lados as mágoas mas que não tem espaço pra esperança pois a esperança ocupa muito espaço e ainda sim todos os dias eu a desejo mais e mais ou nem isso mais Não sei se o pior é estar sofrendo agora ou se é não me ver fazendo outra coisa amanhã. 02 de novembro de 2019 Carla Herculana

[poema] tinta vermelha

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Derramei a tinta e não consegui limpar  Esfreguei, apertei, cutuquei Mas era tarde  Nem água quente adiantou, ou chá de camomila Pior foram as noites em que eu nem dormia  Tentando me limpar  É uma tinta que gruda na pele, na alma,  Nao sei o nome, ninguém me explicou  Na embalagem diz pra tomar cuidado, e eu tomei Juro Mas só caiu, sabe Foi sem querer Até porque quem ia querer  Mas achei que saia Pior que eu achei  Se a tinta azul não é permanente assim Porque a vermelha seria? E mais ainda Como eu saberia se não derrubasse? Nunca entendi qual é dessas tintas  Porque elas vem para mim com tanta intensidade Mas elas ardem tanto, que nossa Nem sei como conseguem pintar quadros  De noites estreladas e de sentimentos De tudo que alguém tem por dentro Seja dor, raiva ou felicidade Seja sol seja mar seja vento Seja um pincel numa tela em branco Tentando usar as tintas  Seja o tormento  Só não seja assim Com pele permanente

[texto] amor renovado

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Q ueria fazer parte dos seus dias e ao mesmo tempo deixar que seus seus dias fizessem parte de mim. Mas ontem mesmo eu me vi dando adeus, e hoje, no café da manhã, não te imaginava mais com um prato de pão da menina nas mãos e o amor repousando no seu rosto. Ah, o seu rosto. Você é como um céu cheio de estrelas brilhando para mim e para tudo o que eu sou. Mas o que é esse tudo que sou? Não sei, eu gostaria de poder ser mais, ser melhor, ser diferente. Assim eu poderia deixar o amor repousar no meu rosto também e te fazer querer ficar, se é que sou capaz de conter esse sentimento sem fazer saltar os olhos. Mas ei, se os olhos saltassem você me amaria mais? Assim não me veria chorar por bobagens incompreensíveis que exijo a compreensão, e, também, não veria minha culpa e egoísmo enquanto te arrasto pro fundo do poço. Poxa, é sempre incrível quando você me abraça nos dias cinzas e sorri comigo nas tardes sem pôr-do-sol, sabe? As tardes de dias infinitos com noites tão claras quanto

[texto] palavras

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Sem palavras suficientes para expressar o que sinto, me perco em pensamentos que me consomem por dentro. Mas o problema não são as palavras em si - e sim o quanto podem levar de mim. Veja o amor, por exemplo, o quanto ele me levou. Parece que foi ontem que estive na chuva pensando como desejaria transbordar e inundar todo um mundo além de mim, isto é, tal como um céu que, não suficiente para conter a si, se deixa levar pelas nuvens até o momento exato de cair. No entanto, as palavras carregam dúvidas e me surpreendo com o quanto conseguem trazer pra mim. Trazem ansiedades que resultam nas noites em claro onde me inundo na dúvida se amanhã uma palavra boa vira, e trazem o fardo de me fazerem sentir intensamente as ações de cada verbo. Mas ora, se essa linguagem fosse suficiente quem garante que eu conheceria as palavras certas? Ou então, que eu as usaria corretamente? Veja a dor, por exemplo, o quanto ela me causou. Dói ralar o joelho, dói estar confuso, dói se sentir incapaz