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[poema] só melhor com os outros

se ela só fosse boa teria graça? fico pensando que seria melhor,  mas nem acho que eu consigo só se boa e tem que ser uma troca não é? "lide com o lado ruim deles, pois eles lidam com o seu" não posso só ter o bom e ser falho? não posso plantar ervas daninhas e só colher bons frutos? Sei que devo merecer do outro o que dou a ele mas as vezes cansa e me pergunto: "Quem está medindo o meu lado ruim e colocando na balança?" e te pergunto: "Como sei que nossos males se compensam?" e se eu for boa com ela e ela for só boa com os outros e ser perfeita comigo mas as vezes me fazer chorar mas não fazer chorar os outros  está equilibrado? não entendo o porque deles só receberem o melhor é porque te conheço mais de perto que lido com todo lado? por isso também tenho o pior? não é só o pior, é também o pior e isso que é complicado tem o bom ali  o perfeito as vezes e eu só queria o perfeito sempre e sempre e sempre e sempre e sempre não queria chorar as vezes me mach

[texto] se eu disser crise não é financeira

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Sabe-se la quantos minutos se passaram comigo aqui. Cantos, eu gosto de cantos. Encostar, apertar, encolher. E tic, toc. As vezes parecem horas e outras vezes poucos minutos. E quando vejo, nossa, já são 23h, desde quando estou aqui? O corpo dói, a cabeça dói, o rosto está grudado. Abro forte os olhos pra desgrudar. Caiu mais uma lágrima, ou duas? Queriam esperar o final. Estico uma perna, outra, não posso pensar. Não, não, não, não posso pensar. Pensei. Lembrei que gosto de cantos, vou para os cantos. Quanto mais cantos melhor, especialmente se eu puder apoiar a cabeça. Penso penso penso penso. Penso grande, pequeno, penso nisso e naquilo. Socorro, esqueci de respirar. Respiro. Droga, não devia ter pensado nisso, agora sinto esse peso todo, pelo menos antes respirava no automático, e agora, nossa. Que peso, que dor. Por que você está gritando? Estou com medo. Saia daqui. Tic, toc. E aquele dia? E aquela vez? E se estiver acontecendo? Será que não sei? O que você vai fazer? O q

[texto] Você vai saber o título quando ler

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Todos os dias, a pelo menos três anos, digo que estou tão cansada que não aguento mais. Todos os dias. No começo eu não entendia muito bem o que estava acontecendo, então eu me questionava porque as coisas davam errado e me machucavam tanto e respondia a mim mesma que eu não merecia, que eu só era emotiva e que tudo daria certo depois. Sabe, que era só uma fase ruim e que iria passar. Um clichê. Não sei se não perceberam os sinais, afinal eu mesma não percebia, mas fui sentindo cada vez mais que os conselhos amigos não surtiam o mesmo efeito, que por mais que eu explicasse não conseguiam me entender. Ainda hoje, quando tento falar, mal leio as respostas, já sei o que me espera. Não que as pessoas sejam ruins, longe disso, mas depois de tantos anos, tantas práticas, tantas dicas, eu simplesmente não suporto mais ler as mesmas coisas e tentar explicar que é muito mais que isso, que está muito além da força de vontade. Mas as pessoas não conseguem compreender algo que não vivem,

[texto fictício] análise da expressão verbal

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Embora entrasse luz do sol pelas janelas da casa e pelos furos da telha, o passarinho na  gaiola se sentia incapaz de se conectar com a passagem de tempo. Talvez por isso concebia os  dias como sendo iguais, sem cor, mas ainda sim se perdia nessa rotina monótona e deprimida.  Morar em uma casa com grades te faz medir quantos passos pode dar antes de ser barrado, o  que faz o passarinho limitar a si para ter algum controle. Sua gaiola está tão alta que por vezes  se sente no céu, mas se estivesse no chão seria mais condizente com sua situação. Se bem que  ele sonha com grandes alturas e com a liberdade que tem como consequência a emoção de  experenciar o mundo fora de todas as paredes e grades que o cercam. No entanto, ele sente  medo desses sonhos serem tão reais quanto os pesadelos que acompanham as graças da vida:  os mais diversos perigos e ameaças que estão do lado de fora das grades. Talvez por isso  constantemente se pergunta se as grades o prendem ou o protegem, se é melhor

[texto] escala negativa

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Tenho sentido dores que, ultimamente, não sou mais capaz de explicar. Antes eu já pensava que pudesse ser o fim, sabe?, que não fosse possível que meu corpo se machucasse ainda mais, mas parece que sempre é. Engraçado, se para os outros é "só mais uma vez" e conseguem deixar pra lá, pra depois, pra quando der, porque eu não consigo fazer o mesmo? É tão injusto e cruel que eu tenha que ficar presa a mim, todas as benditas vezes e por tanto tempo, questionando minha existência ao mesmo tempo que existo e sinto tão intensamente que não se é possível questionar. Mas ainda sim questiono -agora mesmo, enquanto encaro meus pés e tento resistir a mais um chamado do não existir. E pra dificultar ainda mais o florescer de pensamentos positivos, descobri que pior do que estar sofrendo agora, é saber que amanhã também estarei assim. E isso me consome, me agoniza, me machuca e me consola: pensar num amanhã, mesmo repleto de dor, é uma coisa boa, né? Da pra ver uma perspectiva, uma

[texto] outra vez em prantos outra vez lamento

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E esses dias confusos que venho enfrentando, se é que posso chamar de dias e não de tempos muito longos, estão amargurando ainda mais os pensamentos que em mim surgem repentinamente -embora tais pensamentos também morem comigo. Dias que vem levando meus amigos para longe, pois eu disse a eles que não mais existe gosto. Ou melhor, não disse, já que evitando as despedidas achei que meu corpo não sentiria esse adeus. Mas sentiu. E esses dias confusos, ou tempos longos demais, estão fazendo com que eu me veja de novas formas, mas todas seguindo o mesmo padrão deprimido. Acordo sentindo o peso de um novo dia, ao mesmo tempo que meus pulmões anseiam por novos ares. E a noite, quando não consigo dormir, experimento sabores que nem imaginei que poderia, como a mistura de dor e vazio e a de confusão e sofrimento. E ai, em prantos, lamento. Me culpabilizo pelos erros insistidos e pelos recém-chegados, como se duvidasse que, na ultima crise, eu havia me machucado o suficiente. A cada dia me

[poema] desistir

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eu vou parar de falar, parar de escrever mas sentir? vou parar de lamentar em voz alta somente dizer minhas dores ao vento ou nem isso eu não sei, na verdade como cabe tanto sofrimento no meu corpo se ele é tão pequeno diante do mundo não sei como ainda existo se todos os dias sou morta eu não sei mas eu quero parar de falar de tentar de mostrar quero sucumbir aos meus devaneios quero me entregar aos meus sonhos quero deslizar por entre as brechas do não ser nada e em mim nada mais cabe e todos os dias absorvo mais sou como uma bolsa encantada de uma velha deprimente que insiste em levar pra todos os lados as mágoas mas que não tem espaço pra esperança pois a esperança ocupa muito espaço e ainda sim todos os dias eu a desejo mais e mais ou nem isso mais Não sei se o pior é estar sofrendo agora ou se é não me ver fazendo outra coisa amanhã. 02 de novembro de 2019 Carla Herculana

[poema] tinta vermelha

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Derramei a tinta e não consegui limpar  Esfreguei, apertei, cutuquei Mas era tarde  Nem água quente adiantou, ou chá de camomila Pior foram as noites em que eu nem dormia  Tentando me limpar  É uma tinta que gruda na pele, na alma,  Nao sei o nome, ninguém me explicou  Na embalagem diz pra tomar cuidado, e eu tomei Juro Mas só caiu, sabe Foi sem querer Até porque quem ia querer  Mas achei que saia Pior que eu achei  Se a tinta azul não é permanente assim Porque a vermelha seria? E mais ainda Como eu saberia se não derrubasse? Nunca entendi qual é dessas tintas  Porque elas vem para mim com tanta intensidade Mas elas ardem tanto, que nossa Nem sei como conseguem pintar quadros  De noites estreladas e de sentimentos De tudo que alguém tem por dentro Seja dor, raiva ou felicidade Seja sol seja mar seja vento Seja um pincel numa tela em branco Tentando usar as tintas  Seja o tormento  Só não seja assim Com pele permanente

[texto] amor renovado

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Q ueria fazer parte dos seus dias e ao mesmo tempo deixar que seus seus dias fizessem parte de mim. Mas ontem mesmo eu me vi dando adeus, e hoje, no café da manhã, não te imaginava mais com um prato de pão da menina nas mãos e o amor repousando no seu rosto. Ah, o seu rosto. Você é como um céu cheio de estrelas brilhando para mim e para tudo o que eu sou. Mas o que é esse tudo que sou? Não sei, eu gostaria de poder ser mais, ser melhor, ser diferente. Assim eu poderia deixar o amor repousar no meu rosto também e te fazer querer ficar, se é que sou capaz de conter esse sentimento sem fazer saltar os olhos. Mas ei, se os olhos saltassem você me amaria mais? Assim não me veria chorar por bobagens incompreensíveis que exijo a compreensão, e, também, não veria minha culpa e egoísmo enquanto te arrasto pro fundo do poço. Poxa, é sempre incrível quando você me abraça nos dias cinzas e sorri comigo nas tardes sem pôr-do-sol, sabe? As tardes de dias infinitos com noites tão claras quanto

[texto] palavras

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Sem palavras suficientes para expressar o que sinto, me perco em pensamentos que me consomem por dentro. Mas o problema não são as palavras em si - e sim o quanto podem levar de mim. Veja o amor, por exemplo, o quanto ele me levou. Parece que foi ontem que estive na chuva pensando como desejaria transbordar e inundar todo um mundo além de mim, isto é, tal como um céu que, não suficiente para conter a si, se deixa levar pelas nuvens até o momento exato de cair. No entanto, as palavras carregam dúvidas e me surpreendo com o quanto conseguem trazer pra mim. Trazem ansiedades que resultam nas noites em claro onde me inundo na dúvida se amanhã uma palavra boa vira, e trazem o fardo de me fazerem sentir intensamente as ações de cada verbo. Mas ora, se essa linguagem fosse suficiente quem garante que eu conheceria as palavras certas? Ou então, que eu as usaria corretamente? Veja a dor, por exemplo, o quanto ela me causou. Dói ralar o joelho, dói estar confuso, dói se sentir incapaz